Pé na estrada!

por Renata Marques

Depois de mais uma festa de lançamento, lá se vão algumas centenas de ladoerres nas mãos de leitores errantes. Mas e depois, o que fazer com a ruma de zines que nos restam? O hábito de trocar fanzines via correio tem lá sua magia, mas ainda assim é muito restrito. Aproveitando a deixa dos coletivos e festivais que se organizam nas capitais vizinhas, o Lado[R] seguiu o rumo da BR-101 e parou em Maceió, João Pessoa e Recife para trocar idéias com cabeças pensantes.

A primeira parada foi em Maceió e nos rendeu o encontro com Buzugo, estudante de jornalismo da UFAL e adepto do espírito ‘do it yourself’. Consta em suas produções edições dos “Quase zine” e “1,2,3,4” e uma lista de filmes trash rodados e editados pela Scória Filmes. O hipertexto dos encontros casuais nos levou a ‘Casa do Pedrinho’, espaço onde um seleto grupo de jovens possibilistas se encontram pra gravar e tirar um som, planejar intervenções visuais urbanas e criar pautas para conteúdo de zines.

Numa cidade ainda evidentemente marcada pelo cabresto e ponta de faca, com raro incentivo para a cultura rock (leia-se sem casas de eventos ou festivais de música e artes integradas) ações como essa só nos instiga a estreitar elos para o compartilhamento de conteúdos. Desde de já, anunciamos: edição número # 9 do Lado[R] tem arte alagoana na capa!

No meio dessa ponte rodoviária, Natal - resto do mundo, colamos o pé no freio em Jampa para conferir de perto o primeiro dia do Festival Mundo. O evento que está na 4ª edição este ano, desde sempre é um espaço de divulgação de zines, uma vez que Carolina Morena, uma das organizadoras do festival, também arrisca umas mal traçadas linhas nos aperiódicos Zona Zine e Bulhufas.

Durante o festival, distribuímos mais um bom punhado de fanzines. A noite foi divertida, com performances do glamour-rock da banda Cabaret (RJ), a pegada do Calistoga e a viagem instrumental dos cuiabanos do Macaco Bong, além de outras boas bandas. De quebra, no dia seguinte ainda rolou uma conversa agendada e descontraída entre os músicos-integrantes do Circuito Fora do Eixo, jornalistas e participantes do Coletivo Lumo. Falta fez a participação dos músicos do rock paraibano nessa conversa, o que deixa a impressão que as bandas ainda estão esperando serem descobertas em vez de tomarem pra si a responsabilidade da construção de uma carreira profissional. Neste caso não é só a atmosfera litorânea e pacata de João Pessoa que se aproxima de Natal.

Depois da Paraíba as rodas giraram pra o espaço criativo do Coletivo Lumo, em Recife. O coletivo criado recentemente é mais um braço de ação do Instituto Espaço Cubo, os integrantes do movimento estão diretamente ligados as idéias e ações deste. Com dois eventos já organizados com participação de bandas potiguares, o coletivo mostra a que veio: fortalecer e ampliar o Circuito Fora do Eixo no nordeste, agregando não só a música mas todas as expressões artísticas.

Aproveitando a proximidade geográfica dos estados e dialogando com outros coletivos a atitude encabeçada pelos pernambucanos já rendeu frutos, a estadia prolongada do Macaco Bong no Nordeste rendeu pra Natal um show encaixado na programação da Quinzena Cultural da Xubba, este sábado, no Centro Cultural DoSol.

P.S.: nos três posts aqui logo abaixo, vocês podem dar uma sacada nas fotos que Renata registrou durante sua viagem!!!