Palavras iniciais: Rafael F.
O Facada foi uma das primeiras bandas que o fanzine lado[R] entrevistou. O bate-papo com o guitarrista Ari, em junho de 2005, foi publicada no primeiro exemplar do fanzine. Na entrevista citada Ari falou dos primeiros passos da banda e do debut cd demo que tava no forno. Desde então muita coisa aconteceu com o Facada. O lançamento do cd “indigesto” que catapultou o trabalho dos caras para todo o país e para o exterior; várias turnês; a viagem do guitarrista Ari para Europa e sua substituição por outro membro... Nessa entrevista concedida ao lado[R],três anos depois, quem dá o tom da fala é o baixista e vocalista James. Pelo visto a perfuração sonora continua profunda.
Recentemente o FACADA retomou suas atividades sonoras, passando por uma reformulação. Sabemos que Ari [guitarrista], está morando na Alemanha. Quem é o novo cara que entrou para dar o gás?
É o Miguel. Ele era nosso roadie e técnico de som, além de ser músico profissional aqui em Fortaleza. É nosso amigo de muito tempo e foi a melhor escolha dentre alguns. Foi o único que manteve a vibe que o Ari. Depois de tomarmos a decisão dele entrar, o próprio Ari disse que iria nos sugerir pra chamar ele. Então...foi bem tranqüilo pra nós. Mas, só pra frisar, o Ari é da banda, faz som lá e nos manda, agiliza umas parada...
Geralmente, com uma mudança na formação algo acaba mudando na sonoridade da banda. Isso vem acontecendo com vocês? Algo novo, novas influências, novas abordagens?
Não. A gente não sentiu isso. O Ari é um compositor foda, mas acredito que estamos indo na mesma direção de sempre. Talvez alguém de fora possa dizer isso melhor, mas nem eu, nem o Dangelo sentimos uma mudança significativa. Até o som que o Miguel fez, ficou bem a cara da banda.
Batismo de fogo para o guitarra, 3 shows pelo norte do país com a “Battles in The North Tour”, (Teresina/Belém e São Luís). Como foi a recepção, aceitação da galera, organização dos espaços e “tu vai cair”?
Mermão...ficamos espantados com a recepção escrota da galera. O Miguel sentiu um pouco no começo, afinal a gente NUNCA tinha tocado junto um show e tínhamos que nos acostumar. Com o Ari estávamos mais que entrosados: cada um sabia a seqüência das músicas de cor, se errasse cada um sabia o que fazer... Foi mesmo um teste de fogo pro Miguel, mas ele fez a função muito além do esperado. Teresina a gente já tocou pela 3ª vez e foi foda como sempre. Em São Luiz foi a 2ª vez e num bar bem pequeno, um calor dos inferno, mas esse foi em termos de som o melhor, o Burg do Cremador quem tava fazendo se garantiu e foi massa rever a galera de lá novamente. Em Belém fizemos 2 shows: um em um anexo do Teatro de lá...um canto bem legal, mas muito burocrático (queriam até contar quantos Cds tinham na nossa sacola de merchandise...ahuehuhuae), tinham mais de 1000 pessoas pra nos ver e a capacidade dele era apenas pra 200 pessoas, teve confusão lá fora...e o show teve quer ser apressado. Mas, mesmo assim, foi fudido, fazia tempo que não via umas rodas tão animais e o outro foi numa laje de uma casa em construção...esse eu pensei que ia ser nosso último show, parecia q ia cair a casa...hauehuhuauhe
Você comentou comigo que um dos shows foi bem interessante, pois uniu integrantes da “cena metal” e o pessoal do “grindcore”. Visto que essa divisão é notável aqui no Brasil, como você vê esse impasse entre bandas de estilos tão próximos?
Lá fora isso praticamente não rola e, os exemplos são vários, inclusive nos grandes festivais.
É sim...foi em Belém...nossos amigos de lá nos disseram que na cidade não se mistura Metal e Hardcore e conseguimos essa proeza. Nos shows da gente SEMPRE rola isso. Tocamos em shows de Metal, em Festivais, em shows do Hardcore/grindcore...Acho que essa segregação é meio idiota. Pode-se, muito bem, conviver com as 2 “cenas” em plena harmonia, na verdade era pra ser apenas UMA “cena”. Mas explicar isso pra cada uma é muito difícil, afinal tratam-se de humanos e isso acontece em TODA escala da sociedade. Acredito que uma união verdadeira seja impossível, mas as 2 convivendo de forma pacífica e uma acrescentando algo a outra seja possível como vejo algumas vezes. Até porque as 2 “cenas” vivem se trombando: vide SOD, Violator, Terrorizer, Napalm, Audio Kollaps, Repulsion...pode emendar a lista...
Depois do lançamento do indigesto, o FACADA fez uma tour pelo centro/sudeste do país e teve uma grande repercussão no cenário nacional, recebendo inclusive o título de “A maior banda de grindcore do Brasil”. Realmente o D´angelo é um grande rapaz e o novo guitarra também. Quanto eles pesam juntos?
Rapaz...acho que não mais a maior porque o Dangelo fez um regime e emagreceu bastante...aehuhauhueuae...Mas o Miguel dá uma ajuda no MAIOR afinal ele tem 1,80 e poucos e pesa um bocado...até eu estou engordando pra voltarmos à disputa do título...ahuhueeuhauuh
Poderíamos dizer assim que o FACADA é uma banda de peso?
Por aí...aheuhuhaue...com o Ari era menos pesado...
Retomando a seriedade: Essa tour no começo foi construtiva de que forma para a banda? Notei que vocês estão entre os favoritos no myspace do Gadget (renomada banda de Grindcore da Suécia). Qual a ligação de vocês com eles?
Cara...desde o 1º disco deles que ouvi, virei fã na hora, afinal era grindcore sueco (pode chamar do que quiser...)...daí fomos nos aproximando...emails, myspace e começamos a nos comunicar. No 2º Cd saiu um agradecimento pra gente e ficamos bem lisonjeados, afinal estávamos entre bandas muito fodas (inclusive quem me disse isso e tirou a foto foi o Patrick do Putritorium e eu NUNCA nem peguei no Cd deles). Eles estão vendo da gente fazer umas datas na Suécia com eles...veremos. Eles são caras bem legais e a banda deles é foda.
A participação no programa do Gordo foi interessante para que a malucada tomasse conhecimento da fúria do som de vocês?
Cara, muito nego vê MTV então foi legal que muito mais gente viu nosso som. Não que eu ligue pra isso. Mas quem nunca tinha visto a banda e conhecia (ou não) teve oportunidade de ver e quem pôde ter se interessado teve mais curiosidade de ir atrás do material.
A música “O Cobrador” foi inspirada no conto homônimo de Rubem Fonseca. De quem foi a idéia e qual a mensagem a ser passada nas letras da banda? O facada narra as mazelas do cotidiano?
A idéia partiu de uma preguiça do Ari. Eu pedi pra ele fazer uma letra e naquele momento ele tava lendo esse livro do Rubens Fonseca e só fez adaptar...hehehe.O Facada trata das pessoas. A gente escreve sobre as pessoas que convivemos e conhecemos, não é nada generalizado não. Até você pode estar nela...hehehe.
Nos últimos 10 anos temos visto um levante de bandas de grindcore em todo o Brasil, especialmente no Nordeste. Seria o Nordeste um atual expoente no estilo?
Sem regionalismos e sem querer desconsiderar outras bandas brasileiras. Acho não. Até por que antes desse “levante” o Nordeste já tinha grandes bandas. Além do Nordeste, os outros estados estão no mesmo nível das bandas. E tem banda boa e ruim em todo canto. O Nordeste tem MUITAS bandas boas pra caralho e que tenho preferência em ouvir, mas acho que esse “levante” seja em todo Brasil.
“Time To Act”. Homenagem póstuma?
A gravação foi mas a gente já tocava e antes da gente o Diagnose já tocava.
Fale um pouco sobre a arte do Indigesto que é de grande qualidade. Sei que foi obra sua e que você faz trampos nessa área. Quais as bandas, você já fez a arte?
A arte inteira (cores, imagens, formas...) foi baseada no nome do disco mesmo e a idéia é: tudo se destrói e acaba apodrecendo. Já fiz trampos pro I Shit on your face, pro Subcut, pra CutThroat Records, pro Diagnose, pro Obskure…tem um bocado mas esqueci…ahuheuhuae
Em breve, show em Natal, João Pessoa e Hellcife. Expectativas? Músicas novas?
Porra...tamo doido pra voltar pra Natal, uma das coisas que mais deixou o Ari triste foi não poder tocar os sons do Indigesto aí...agora quem vai é o Miguel né? Afinal, temos uma relação antiga com o povo daí (sem viadagens nem sexismos...aheuhauue). Foi nosso 1º show, temos velhos amigos aí...Fora João Pessoa, da última vez não tinha muita gente, tenho certeza que dessa vez vai ser mais legal...até porque a gente vai na van daí...ahueuhauhue. Uma pena que Recife não deu certo. A gente NUNCA tocou lá e queríamos, mas...=/
O que o público pode esperar da presença de vocês em palcos potiguares?
Quem viver verá...\,,/
O facada se apresenta no primeiro dia do festival Curto Circuito Underground.
[+]www.myspace.com/facadanagoela
* PH é guitarrista do OUTSET e estudante de Ciências Sociais[UFRN].
Mais fotos em... www.fotolog.com/ladoerre
2 comentários:
Facada banda radicada em Fortaleza (CE)
A entrevista publicada no fanzine nº 1 pode ser adquirida através do e-mail: ramedes@ig.com.br .
No arquivo em [pdf.] você pode ler o primeiro exemplar completo do fanzine
Ou melhor no arquivo você pode ler o lado#1 completo. Se gostar, aproveite imprima uns e distribua entre os amigos.
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