25.10.07

Tá dito.

impressões por Berna Rodrigues *

Goiamum Audiovisual apresenta os melhores da ilha castrista


Entre os dias 15 e 19 de outubro aconteceu a Mostra de Cinema Cubano dentro do projeto Goiamum Audiovisual. Apenas a primeira de quatro agendadas até o final de outubro. O inovador projeto conta ainda com palestras, oficinas e exposições. Todos relacionados ao fazer cinematográfico.

Entrar no jardim da FUNCARTE, para assistir a filmes cubanos, tomar uma cerveja, ao ar livre, bem dizer, às margens do rio potengi (com linha do trem e tudo), me pareceu uma ótimo happy-hour para qualquer dia da semana.

Mas poucas pessoas concordaram com isso. A ver pela a ausência de público no primeiro dia. Convenhamos que o filme era de diretores estreantes. Mesmo assim, o ineditismo da mostra merecia um pouco mais de reconhecimento.

Os filmes melhoraram gradativamente. Tres veces dos (15), de Pavel Giroud, Lester Hamlet e Esteban Insausti (os tais diretores estreantes) deixou um pouco a desejar, talvez porque os três curtas não tenham um fio condutor muito nítido. Ou simplesmente porque nasceram pra ser curtas. O filme El Benny (16), drama baseado na história de Benny More, que fez bastante sucesso cantando com sua orquestra, nos anos 40, tem uma boa milhagem em festivais pela América Latina e além. Esta segunda noite, obteve um sensível aumento de público. Pena que muitos só estavam de passagem para o ensaio do auto de Natal. (Explico: os ensaios também acontecem na Capitania.)

A mostra ainda continua com dois filmes Hello Hemingway (17) e La vida es Sibilar (18). Ambos, do atual ‘ grande cineasta cubano’, Fernando Pérez. Ele lançou recentemente no festival do Rio, Madrigal, seu décimo filme como diretor. Na sexta feira (19), Lucia, de 1968, apresentou três momentos históricos de Cuba. Indo da independência até os primeiros anos da revolução.

A programação cubana foi encerrada com uma palestra do crítico e curador da mostra Frank Padrón. Seguido da exibição de Memórias do subdesenvolvimento, do diretor Tomás Gutierrez Alea. O filme, feito também em 68, é bastante crítico quando decide narrar a história de um corretor de imóveis, logo após a revolução de 59, quando se vê abandonado pela família e amigos, todos emigrados para os EUA. A atitude apolítica do personagem exprime todo a visão política do diretor.

desenho de Olavo e Arthur - www.osbonnies.com.br

Desentoca? O sugestivo nome não ajudou a desentocar o público

A mostra de Curtas potiguares no dia 22 não atraiu produções nem atenções. Foram 20 filmes que iam do tosco (não a outra palavra para melhor exprimir) a classe A.

Documentários, quase institucionais, com patrocínio do governo e ótima produção. Outros, visivelmente, uma brincadeira capturada com o celular. Se o futuro cinematográfico do estado está representado ali, a situação é bem complicada. De todos, os que mais se destacaram foram as animações de Artur e Olavo. Boas idéias num mar de precariedade. A “sujeira” dos desenhos e o humor bem “peculiar” dão personalidade a obra.


* jornalista colaboradora

Nenhum comentário: