Festa Lado [R] # 6 :: Repente Billie ::

Aproveitamos a deixa do Coletivo Records lançando a sua primeira e inusitada coletânea - com bandas que já não existem mais e outras recém formadas - e catamos um lenda musical local para participar da festa de lançamento da sexta edição do Lado [R]: Repente Billie (ex-General Lee).

Você deve estar se perguntando nesse momento sobre que tipo de som essa galera faz ou porque o nome Repente Billie. Resolvemos perguntar e deixar Gustavo Lamartine, vocal e guitarra, responder isso pra vocês.

Confira!

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Lado [R] - Seria uma volta comemorativa ou há intenção de continuar com o projeto?
Gustavo Lamartine - É uma volta comemorativa. Na verdade nem poderíamos voltar o projeto "General Lee" pois tivemos que mudar o nome em 94 por motivos jurídicos. Já havia uma banda com esse nome em SP, que era uma empresa também com nome e firma aberta. Por isso nos apresentaremos como "Repente Billie". Repente Billie foi um nome inventado por Carlos Albuquerque, então jornalista do Globo, que escreveu na sua coluna "Rio Fanzine" pra definir o som que o General fazia, mistura de repente com rockabillie. Na época, Carlos Albuquerque veio a Natal cobrir o "festival da nova música do nordeste" produzido por Marcos Sá. O General Lee ganhou prêmio de melhor música com a música "o cão". A matéria saiu no dia 1 de agosto de 1993. Foi o início do fim.

Lado [R] - O que o General Lee tem pra apresentar para o público anos depois do fim da banda?

Gustavo Lamartine - O mesmo repertório que apresentou até antes de virar General Junkie. Aliás, não tem nada haver com o General Junkie. Vamos apresentar o Repente Billie. Como disse, é um show comemorativo, pra matar a saudade de quem viveu a época e a curiosidade de quem ainda era muito jovem ou nem era nascido.

Lado [R] - Quem são os atuais componentes ? O que fizeram durante esse tempo de pausa da banda?
Gustavo Lamartine - A idéia e a vontade de fazer esse show foi minha e de Lula (baterista). Pra completar o trio chamamos Lauro pro baixo, que apesar de nunca ter sido do General Lee, viveu a época e conhece a fundo as músicas, pois já ouvia a demo a muito tempo. Dos componentes do General Lee, eu e Paulo Souto (baixista da época) continuamos com o General Junkie e participávamos da banda interpretação Sangue Blues. Recentemente estávamos envolvidos com o Dusouto. Lula começou o General Junkie mas logo saiu dando lugar a Marcelo Costa, depois disso tocou com D´vibe e participou da banda de rock Nad1.

Lado [R] - Como era o movimento musical da época que começaram a tocar ? E como encara hoje?
Gustavo Lamartine - Na verdade, quando chegou a MTV, Ribeira, Mada. etc., o General Lee já era instinto, essa fase foi alcançada pelo General Junkie. O General Lee existiu de 87 a 93, no fim do anos 80 teve um dos movimentos mais originais da cidade. As bandas criavam seu trabalho autoral e gravavam suas primeiras demos. O mercado do sudeste era a única coisa que existia e tinha um movimento também em Brasília e era quase uma utopia chegar lá. Mesmo assim as bandas apostavam em seus trabalhos. O curioso é que nasciam bandas totalmente diferentes do que se via no sudeste, talvez pela distância. A barreira era vencer com sotaque nordestino, que era considerado feio e fora dos padrões da época. Posso citar das mais atuantes além do General Lee, Alfândega, Florbela Espanca, Modus Vivendi, Cabeças Errantes, Discarga Violenta.

Hoje a coisa tá bem mais fácil, em todos os pontos de vista. Está fácil gravar, produzir seu próprio CD, ensaiar, já que existem estúdios de ensaio e de gravação especializados em "Rock" por um preço razoável, é mais fácil tocar por existirem lugares com estrutura na cidade só pra tocar rock, mais público interessado no assunto, tudo. Na época nós chegávamos com os amps nas costas, ficávamos num canto do bar Chernobil ou na Vila de Ponta Negra, fazendo barulho sem a menor estrutura de som, só com a cara e a coragem. Quer saber? Era ducaralho.

Foto: Gustavo Lamartine em show com o Du Souto na Casa da Ribeira.